sábado, 7 de abril de 2012

“Trauma dos sobrenomes aos 7 anos de idade.”

O que um sobrenome pode causar em sua vida? Certa vez só o fato de haverem duas pessoas com o mesmo nome em uma sala de aula, causou a repercussão do sobrenome, algumas pessoas eram chamadas por tais pelo simples fato de serem “as segundas”, as que chegaram depois, então eram chamadas assim. Então lá estava eu tentando me livrar destes dois anos de humilhação, tentando me livrar do meu próprio sobrenome, nunca o utilizava completo, sempre faltando o pedaço, até porque ele sempre foi grande demais, e ainda bem que o nome não era composto. Pra você ver como aquilo me marcou, era como aqueles segredos bobos que você não se importava em contar para aqueles que perguntassem, mas do momento em que todos começavam a jogar-lo em sua cara, a coisa ficava séria. Por muito tempo me escondi dele, na verdade, até conhecer outras pessoas nas quais ele não fazia sentido algum, as vezes ainda surgia algumas piadinhas, mas nada que durasse mais de um dia, também me escondi daquelas pessoas - não, isso não verdade, acabei perdendo contato com todas elas -, mas elas foram reaparecendo pouco a pouco quando eu já era mocinha, quando vi já estavam todas em minhas páginas de redes sociais. Só vi que o buraco já se refizera, e fundo como estava, já não tinha mais como fechar, só vi o buraco que fizera quando o circulo de amigos do meu namoradinho, no qual eu não estudava naquele tempo, era o mesmo que naquela época, mas é claro que todos sabiam de quem se tratava. Certo dia fui a uma festa com o meu “novo” namoradinho, alguém tocou em meu ombro e me perguntou se eu era a tal do sobrenome, foi um garoto que me pedira em namoro na segunda serie - aquele no qual eu aceitei e terminei no dia dos namorados pois não havia lhe comprado um presente e ele acabou dando o presente a minha melhor amiga, que mais falsa não tinha, mas não vim aqui tagarelar sobre o meu dom de quebrar corações, será meu próximo texto - , o sangue esquentou e subiu dos pés a cabeça circulando na velocidade da luz umas 3 vezes, tenho certeza que fiquei vermelha na hora, só não sabia se era de vergonha ou de raiva. Hoje em dia vejo que tudo aquilo foi supérfluo, ele nem é tão feio assim, mas vai explicar isso para uma menina de 7 anos, até ando gostando dele por esses tempos, ele é neutro, o filho do meio, o desconhecido, ou o conhecido por aqueles que o proferiram, por quem abusou dele, e foi por isso que também acabei abusando. Sinto o leve desconforto de que ele reaparecerá logo, mas então não o esconderei mais. Mas agora entendo, o que é pra entender mesmo?

—  Gabriela S. Pinho

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