domingo, 27 de maio de 2012

Me agoniava olhar a monotonia do domingo pela janela da sala-de-estar, era extremamente tedioso e sem vida. O tipico manto cinza que tecia o céu nesses dias de inverno não mudara. Preparei um café e acabei queimando a língua por não saber esperar que esfriasse. Recostei-me no sofá, fechei os olhos e o pensamento voou pra longe. Senti seus longos cabelos espalharem-se pelo meu peito, sua respiração falha, o sorriso preguiçoso que surgia em seus lábios, o olhar vago, os longos cílios que se curvavam numa imensidão negra, suas mãos tão macias vagavam pela minha nuca e subiam até o cabelo. Como eu adorava aquela voz que soava pela casa, aquele cheiro da comida dela, o cheiro melhor ainda de quando ela saía toda molhada do banho, adorava quando ela ficava na ponta do pé para me beijar, adorava quando ela sentia frio, quando ela trassava linhas invisíveis pelo meu corpo, quando mesmo adormecida no sofá resmungava para não ir para cama. Como eu adorava atrasar-la pro trabalho, … Parecia real, eu queria acreditar, por um momento até cheguei a pensar que estivesse acontecendo. Sabe aqueles sonhos, que você sabe que é sonho, mas não quer acordar? Aquele sonho que você escuta mas não te escutam, sente mas não é sentido, vê as coisas acontecerem mas parece que você simplesmente não está lá. Mas é tão bom que não se quer acordar. Até abrir os olhos por algum tipo de impulso e ver que não estava acontecendo. Até ver que ela não está realmente ali. 
Ela havia partido a quanto tempo? Duas semanas, talvez dois meses, talvez até dois anos. 
Aqui o tempo parece nunca passar.

sábado, 26 de maio de 2012

Tenho medo, tenho medo de machucar as pessoas, mas principalmente você, acho lindo o contorno da sua boca mas ainda assim fujo por não saber o que sentir, por pensar em outra pessoa para que eu não precise de você, para que eu não me apaixone por você, porque mesmo que o sorriso me apareça quando falam teu nome, ainda fico confusa achando que deveria ser apaixonada por outra pessoa, então fico procurando pelos cantos, mas meu coração não bate mais forte pelo garoto loirinho do outro lado da rua, é por você, é por você.

domingo, 20 de maio de 2012

Carta 1


Cara vida,

esta coisa de tempo não está dando muito certo, sempre disseram que ele resolveria tudo, mas não está resolvendo, eu continuo sonhando com ele, é ele que aparece frequentemente nos meus pensamentos e ainda é por ele que meus olhos brilham, desde o dia em que eu o vi, ou re-vi, encostado no muro daquela escola, aquela na qual conheci seus olhos e seu sobrenome pela primeira vez, eu não conseguia parar de pensar em nele naquele dia, daquele dia em diante pra dizer a verdade. 
Depois de tantos anos como eu podia estar apaixonada? Logo por ele, por quem nunca percebeu que eu estava alí, mas mesmo depois de tantos anos só em ver-lo meu coração virava bomba-relógio, minha respiração desregulava só em ouvir falar seu nome. Por que tanta coisa deu errado pra gente? Um, dois, três desencontros, até hoje, e por mais quanto tempo? Estou cansada de estar perdida, estou cansada de não encontrar-lo, de não conseguir me apaixonar por outra pessoa por só pensar nele. 
Hoje eu sonhei com ele, de novo, e não foi fácil, não foi fácil ver-lo me rejeitando daquela maneira, talvez seja esse o motivo pelo qual eu tenho guardado tão bem este segredo, por medo, por certeza que não será reciproco, ta aí porque eu vivo lutando comigo mesma, nadando conta a correnteza para deixar o amor soterrado a sete-chaves, mesmo que as vezes alguém tenha que saber para que eu não morra afogada em meus próprios segredos, mesmo que apesar disso tudo ele tenha uma ideia, uma miníma faísca, ele nunca vai entender o quanto eu o gosto, quanto o quero bem, ou simplesmente como o quero.

Os dias andam cinza, e não consigo admirar outros olhos. 

domingo, 13 de maio de 2012

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Por que eu não tenho um gato pra me fazer companhia? A solidão voltou, e me deixou jogada no sofá por dias, semanas até. Eu tinha sofrido um trauma, algum tipo de trauma que fazia a cabeça rodar, que me fazia cair no chão e ficar lá esparramada, sem força suficiente para levantar, eu ficava ali por algum tempo, até que alguém entrasse no quarto e perguntasse o que eu estava fazendo; depois sentava na janela, tentava apreciar o céu, em vão, era escuro demais, sem lua, sem estrelas, só o negro da noite ou o cinza durante o dia; tentava levar um vento frio na cara, o ar gélido penetrava nos pulmões e entrava em choque com minha pele quente, a sensação era ótima, fazia arrepiar cada milimetro do meu corpo, me fazendo estremecer mas também me fazendo fechar a janela por estar frio demais. Então abraçada a uma almofada, ficava indo e vindo pelos corredores da casa, acho que até eles já se cansaram de mim, acariciando as paredes, ansiando um amigo que me fizesse companhia, mas aí eu lembrava que não tinha amigos. Conhecia algumas pessoas, no máximo colegas com quem saia de vez em quando, pessoas que mal olhavam nos meus olhos, e eu mal olhava nos olhos deles também, é algum tipo de código que diz "eu não confio em você", não sou uma pessoa desconfiada não, só nunca me deram motivos para confiar em tal, sumo por duas semanas e nenhuma mensagem para saber se estou viva, nenhuma ligação, posso ter certa culpa sim, porque sempre quis que corressem atrás de mim e nunca o contrario, mas do momento em que tal pessoa demonstre algum interesse em saber como estou, retribuo muito bem esse carinho, e não gosto de conhecer pessoas que tenho certeza que não vou me dar bem, aquela que o espirito não bate sabe? Acho perda de tempo.